Ontem, enquanto construía a palestra que estou escrevendo, dentre as reflexões que fazia, cheguei em uma frase:
A dor é o preço da metamorfose.
Na hora, lembrei de uma conversa que tive há um tempo com um amigo.
Eu estava compartilhando com ele uma situação que marcou minha vida, e ele me perguntou:
“Se você pudesse voltar no passado, mudaria algo dessa situação que viveu?”
Essa pergunta me pegou em cheio.
Percebi que, por mais dolorosa que aquela fase tenha sido, eu não poderia desejar que nada tivesse sido diferente, pois o que aconteceu foi o ponto de partida para tantas outras coisas boas que vieram depois.
A verdade é que a vida é dura e se alguém disser o contrário, pode ter certeza: está mentindo.
Mas o tempo que você permanece na dor é proporcional ao tempo que demora para compreendê-la conscientemente.
A dor não é o problema, o problema é o quanto resistimos a entendê-la.
A diferença de viver e existir
Durante a vida, precisamos compreender a diferença entre viver e existir.
Enquanto você apenas existe, a vida passa por você sem você se apropriar dela. Como quem é levado pelas circunstâncias, as escolhas são automáticas e a pessoa se arrasta pela rotina.
É o modo de quem é levado pelas circunstâncias, como uma folha que o vento move sem rumo.
As escolhas são automáticas, as reações são previsíveis, e a pessoa se arrasta pela rotina sem perceber o milagre que é estar vivo.
Já viver é outra coisa: é um movimento de quem se levanta diante da vida e escolhe se responsabilizar por ela. É quando você se apropria da sua história, das suas dores e alegrias, e passa a enxergar sentido no que acontece.
Viver é estar disponível ao novo, é se permitir ser tocado e transformado por cada experiência, por cada encontro.
Enquanto quem apenas existe se protege da vida, quem vive se entrega a ela, consciente de que é no inesperado que mora o verdadeiro encontro com você mesmo.